Somos “Seres em falta”…

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Como dizia Freud “O homem é um ser de falta” e essa é uma grande verdade que não pode ser ignorada. O ser humano está sempre em busca de alguma coisa e, de certo, buscando algo que ainda não possui. É um ciclo vicioso de buscas e conquistas que parece não ter fim. Tenho um amigo que certa vez me disse que “o ser humano sempre aspira àquilo que ele não tem”.

Nunca estamos plenamente satisfeitos com tudo. Se estamos com um trabalho Ok, queremos uma casa melhor. Aí temos a casa dos sonhos, mas não temos os filhos que tanto sonhamos. Então vem os filhos, mas queremos mudar de trabalho. Sim, o assunto voltou a ser o trabalho. E assim, a busca desenfreada por aquilo que nos trará a felicidade plena nunca para e a bendita felicidade da conquista daquilo que tanto almejamos não demora mais que alguns minutos, horas ou dias até sermos arrebatados de novo pela grande necessidade de ter uma nova busca a fazer.

Se você imagina que isso é muito ruim, peço para ter um novo olhar sobre o assunto. Imagina alguém que não almeja nada, não sonha nada, não busca nada, não tem metas, nem objetivos? Não conseguiu pensar em ninguém, não é mesmo. Se você pensou, devo admitir que eu não imagino essa pessoa fora da cama, viva e sendo feliz. Nossa, que exagero! Então você quer dizer que uma pessoa que não sente falta de nada, não é feliz? Não gente! O que eu quero dizer é que ao almejarmos algo, nos colocamos (ou deveríamos pelo menos, esse é o plano) em ação para que isso aconteça. Fazemos planos, determinamos metas, colocamos um foco naquilo que queremos e partimos em busca da sua realização.

O desejar algo nos coloca em movimento. Nos tira da inércia. Se não fosse assim, não teria tanta gente ganhando dinheiro com palestras, treinamentos e livros de “Motivação”.  E todo mundo compra isso porque quer, de alguma forma, conseguir aquele up no astral que, acredita ele, será o fator milagroso que irá mudar sua vida. Ledo engano, pois se esquece que motivação é interna, variável e continua. Não pode ser colocada em nós! Vem de nós! Vem de dentro e se não for assim, não tem motivo para felicitar quando da sua realização. E é aí que mora o grande perigo. O problema de tudo isso reside no único fato de que muitas vezes não sabemos o que queremos e por que queremos. Queremos apenas para satisfazer nosso ego competitivo nesse mundo capitalista onde o “parecer ser” se sobressai à essência humana de cada um.  Queremos o que achamos que será bom para termos mais prestígio no trabalho, mais inveja dos amigos, mais felicidade em família, mais, mais, mais e assim o acúmulo de conquistas sem sentido não para até que se entenda a real necessidade dessa compulsão a repetição por buscar/desejar sempre aquilo que não temos.

Precisamos aceitar que somos seres inacabados em constante evolução. Que nossas necessidades, na maioria das vezes, foram desenvolvidas por nós como forma de proteção da nossa psique que, quer, de alguma forma, preencher nossos pequenos vazios existenciais. Sabendo disso, paramos de buscar fora de nós às respostas que sempre estiveram aqui dentro, silenciadas pelas vozes do mundo que vendem falsas ideias de para ser feliz você precisa pertencer ao mundo, quando na verdade você só precisa pertencer-se a si mesmo. O que te faz feliz de verdade? O que realmente te motiva? Sua essência se agrada da sua aparência? Você é ou você tem? A partir dessa compreensão, tudo fica mais fácil e toda busca passa a ter real sentido.

“Se formos livres por dentro, nada nos aprisionará por fora.”