O que os outros vão pensar?

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O que os outros vão pensar?

Não muito raro, ouço essa frase.

Se pensar bem, acredito que ouço essa frase todos os dias.

Seja no consultório ou em conversas casuais com amigos, esse velho questionamento “o que os outros vão pensar?” invade as conversas na mesma proporção que invade nossas mentes.

Infelizmente, faço parte da estatística e, não diferente da maioria, por vezes me peguei deixando de fazer ou dizer algo após levantar a grande questão “o que os outros vão pensar?”.

Acontece que essa grande incógnita vem me incomodando há um tempo e agora está quase insuportável não falar sobre ela. Quero muito que aqueles que lerem esse texto sintam-se incomodados, assim como eu.

Primeiramente quero dizer que quando nos fazemos esse questionamento, não estamos apenas preocupados com o que os outros vão pensar, mas estamos também duvidando daquilo que somos ou queremos. Estamos, de certo modo, cogitando a possibilidade de mudarmos nossa essência, nossos desejos, nosso eu verdadeiro, para “agradar” os outros. Sim! Nos questionarmos sobre o pensamento dos outros sobre nós ou nosso comportamento é, simplesmente, não valorizar nosso amor próprio e nossa verdadeira essência, dando mais valor ao que os outros irão pensar de nós, do que nossos próprios sentimentos.

Por que fazemos isso? Porque somos seres “sociais” e, como parte da socialização, precisamos ser aceito pelo outro, pelo grupo, pela sociedade. Por isso, tememos o julgamento, temos medo de expor nossa reputação a uma imagem que os outros julgam ser “ruim”. Nada mais ruim do que sermos excluídos ou termos de lidar com aquele olhar perverso de desaprovação.

Mas na prática, por que fazemos isso? Verdadeiramente não sei, mas acredito fortemente que de uma forma bem velada, foi assim que fomos ensinados a ser. Lembra de quando criança (ou talvez até hoje isso aconteça) você estava aos gritos brigando com seu irmão e ouvia sua mãe dizer “parem com isso, o que os vizinhos vão pensar?”. Bom, sei lá como era na casa de vocês, mas das muitas histórias que ouço, das tantas, são bem parecidas com as lá de casa.

“Não fica namorando no portão… o que os vizinhos vão pensar?”

“Não grita assim… os vizinhos podem ouvir, o que os outros vão pensar?”

“Não faz isso, não faz aquilo, não… não… não… o que os outros vão pensar?”

E assim, silenciosamente, fomos aprendendo a nos preocupar com o que os outros vão pensar. Fomos nos moldando aos padrões que “achamos” ser o ideal ou mais adequado para a situação, que começa com alguns momentos e, quando de repente, nossa vida já está toda moldada para se preocupar com o que os outros vão pensar.

Você pode até me perguntar se isso, de certo modo, não é bom. Afinal, como seria o mundo se todos fizessem o que bem entendessem ou lhe “dessem na telha”, sem se preocupar com o que os outros vão pensar?

Na boa, de verdade mesmo, se o que o que você vai dizer ou fazer não fere os direitos do próximo e só diz respeito a sua vida ou como você se sente, pouco importa o que os outros vão pensar. Afinal, as consequências de suas escolhas será você mesmo que irá arcar.

Então eu te pergunto: Qual preço está disposto a pagar?

O preço de tentar, desastrosamente, agradar a todos ou seguir seu caminho e fazer suas escolhas baseadas em você próprio?

Porque fazer escolhas baseadas no que você acredita que irá agradar o outro, posso lhe garantir de antemão que, está fadado ao fracasso. Não há nada mais falível que tentar agradar o outro.

Antes disso, saiba o que te faz bem, o que você quer, os reais motivos das suas escolhas e assim, independente da reação do outro, estarás bem consigo próprio. Não fez suas escolhas baseadas em expectativas irreais sobre como as pessoas te veriam.

É tão simples pensar que se estamos bem com nossas escolhas, não importa como os outros nos veem, sempre vamos ficar bem. Afinal, as pessoas que nos amam de verdade e, de fato, primam pelo nosso bem e felicidade, concordando ou não com nossas escolhas, vão continuar nos amando e nos dando força.

“Não fica namorando no portão… o que os vizinhos vão pensar?” Vão pensar que você é um ser humano como qualquer outro e namorar é algo natural. Vá o vizinho namorar um pouco que terá menos tempo para cuidar da vida do outro.

“Não grita assim… os vizinhos podem ouvir, o que os outros vão pensar?” Vão pensar que você é um ser humano “normal” que grita, ri e chora. Que tem sentimentos e expressam-nos, seja de forma adequada ou não ao padrão que eles acreditam.

Vou te lançar o desafio de fazer uma lista com coisas que deixou de fazer ou dizer com medo do que os outros iriam pensar. Pode fazer essa lista mentalmente mesmo. E aí? Tem muitos itens? Bom, se a lista de coisas que tem deixado de fazer com medo do julgamento alheio está grande, convido você a refletir no que realmente está errado. Será que não tem dado demasiada importância ao outro e está se deixando de lado? Cuidado… você pode estar matando seu amor próprio.

Aceite quem você é. Assuma uma postura verdadeira com você. Se permita ser você mesmo, não tenha medo nem vergonha. Se você precisa ser outra pessoa que não você mesmo para conviver com aqueles que estão a sua volta, talvez esteja na hora de mudar-se e encontrar-se.

Ah! Aproveita para fazer o mesmo com aqueles que você ama. Aceite as pessoas como elas são. Aceite que as pessoas tem passado, que elas tem sentimentos diferentes dos seus. Aceite que ela é outro ser e se você tiver amor próprio será capaz de amar esse outro ser, mesmo sendo ele tão diferente do que você gostaria que ele fosse.

“Errado é você deixar de fazer alguma coisa com medo do que os outros vão pensar.”

2 pensamentos em “O que os outros vão pensar?”

  1. Esse texto pareceu uma das minhas terapias.. HAHAHA
    A mais pura verdade.. dura de aceitar.. não de entender, mas de receber e mudar isso! Òtimas palavras Doctor linda

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